Aposentado amputado após choque de 14 mil volts tenta reaver benefício suspenso pelo INSS em Mogi Mirim
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Aposentado há 30 anos deixa de receber benefício em Mogi Mirim após suspeita do INSS
A família do aposentado Silvio Camilo, de 74 anos, tenta reaver na Justiça a aposentadoria por invalidez que recebia havia 30 anos, quando teve que amputar uma das pernas após um acidente de trabalho. Há um ano, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) parou de pagar o benefício no valor de um salário mínimo ao morador de Mogi Mirim (SP).
O idoso, que era eletricista, teve uma perna amputada após sofrer um choque de 14 mil volts. Em novembro deste ano, Silvio Camilo precisou amputar a outra perna por complicações causadas pela diabetes.
➡️O pagamento foi cortado após o INSS encontrar registros considerados suspeitos. Em uma revisão de benefícios, o órgão entendeu que os valores eram de pagamentos de salários a Silvio, o que causaria conflito com o recebimento do benefício. Em documento, o órgão afirmou que, caso a regularidade do benefício não fosse comprovada, Silvio Camilo precisaria devolver mais de R$ 390 mil.
A família alega que a Previdência Social está se confundindo e afirma que os recebimentos referem-se a uma indenização vitalícia que o idoso recebe da empresa na qual trabalhava, em razão do acidente que sofreu. De acordo com a família, já houve uma tentativa de retomar o benefício de forma liminar, mas ela não foi acatada.
Questionado sobre a situação pela EPTV, afiliada da TV Globo, o INSS afirmou que o benefício está em apuração.
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Silvio faz tratamento para diabetes, hipertensão e outros problemas de saúde. Com a falta da aposentadoria, a família passou a ter dificuldades para comprar remédios após a amputação da segunda perna.
"Tem remédio que o governo não fornece e a gente tem que comprar, né? Então ficou difícil para ele comprar, porque ele usava o benefício da aposentadoria para poder comprar esse remédio, para ele poder tomar", diz Márcio Camilo de Souza, filho do Silvio.
Aposentado há 30 anos deixa de receber benefício em Mogi Mirim após suspeita do INSS
Reprodução/EPTV
O processo
Silvio venceu uma ação na Justiça em 1995 e a sentença determinou que o ex-eletricista recebesse valores mensais como indenização até o fim da vida. O trabalhador havia sofrido um choque de 14 mil volts durante o trabalho.
"Teve o julgamento do processo dele, por ele ter sofrido um acidente, levado um choque de 14 mil volts. E o juiz ordenou que a empresa que ele trabalhava pagasse o salário dele como se fosse funcionário. Então, ele passou a ter o salário da empresa que ele trabalhava e mais o benefício da aposentadoria por invalidez", diz Márcio Camilo de Souza, filho do Silvio.
Segundo a família, a Previdência Social suspeitou de irregularidades em relação a esse dinheiro durante uma revisão de benefícios.
➡️A primeira intimação para ir até uma agência veio em fevereiro. Três meses depois, o INSS enviou um ofício afirmando que encontrou informações salariais do aposentado desde 1995, situação que sugere retorno voluntário ao trabalho.
No documento, a Previdência pediu que fossem apresentadas provas e afirmou que, caso a regularidade do benefício não fosse comprovada, Silvio Camilo precisaria devolver mais de R$ 390 mil.
Indenização e aposentadoria
Lindolfo Ferreira, o advogado que representa Silvio no processo, afirmou que o idoso tem direito à aposentadoria e também à indenização mensal.
"[É um direito] receber o salário da empresa porque a empresa foi condenada, em 1995, a pagar um salário vitalício. [Isso não transformava ele em um funcionário] porque se tratava de uma ação cível, indenizatória. Tudo que precisava está lá no INSS. É o INSS que deve resolver isso com urgência, porque se trata de uma injustiça muito forte", explica.
De acordo com a advogada Cláudia Costa, especialista em direito previdenciário, casos como o do Silvio são complexos, e é preciso compreender qual é a natureza da condenação trabalhista.
"Se ele está recebendo benefício a título de indenização, ele vai poder acumular com o benefício previdenciário tranquilamente, seja o auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez. Agora, se ele está recebendo um benefício a título remuneratório, se tiver característica de salário, aí ele não vai poder receber o benefício da aposentadoria por invalidez no INSS", esclarece Claudia.
'A gente fica bem triste com isso'
Enquanto não vê o impasse resolvido, a família acompanha com tristeza e angústia a piora na saúde do homem que precisa de cuidados.
"Já está fazendo um ano que isso aconteceu e a gente está esperando com que o INSS faça alguma coisa e volte a pagar. Desde janeiro para cá ele tem que receber. Então a gente fica bem triste com isso", finaliza Márcio Camilo de Souza, filho do Silvio.
O que diz o INSS?
O INSS foi questionado sobre a situação da interrupção da aposentadoria de Silvio Camilo, e informou que o benefício está em apuração, por conta da informação a respeito de vínculo de emprego que consta no sistema do INSS.
*Sob supervisão de Jéssica Stuque
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